domingo, 22 de janeiro de 2012

DEI AULA DE REFORÇO ANO PASSADO (E NÃO FOI DE MATEMÁTICA)

Três mães me procuraram ano passado para que eu desse aulas de reforço, a popular ‘banca’, para seus filhos. Todas as três queriam que as aulas fossem especificamente de matemática.
De início, recusei o trabalho esclarecendo que matemática não era minha área, mas ao mesmo tempo perguntei como estava a situação de seus filhos na área da linguagem. Fui informado de que estavam relativamente bem, só derrapando nos benditos cálculos.
Com a anuência delas, fiz uma pequena verificação para medir o grau de leitura e interpretação dos garotos: descobri que os três mal sabiam ler e escrever – apesar da serie estavam quase que naquela fase do aprendizado infantil que Piaget classificou de pré-silábica.
Disse-lhes então que o problema deles não era a matemática em si, mas a dificuldade em saber ler, escrever e interpretar; o que refletia nas outras matérias. Concordamos em deixá-los estudando um período comigo, focando os conteúdos não na matemática, mas no analfabetismo latente que os acompanhava.
Comecei a ministrar essas aulas em agosto e ao longo dos meses letivos fui indagado dos professores desses garotos como estava o aprendizado deles em sala de aula. Dois dos três,  apresentaram uma sensível melhora nas notas, na capacidade interpretativa e argumentativa e ate mesmo na postura em sala de aula enquanto alunos.
O resultado não foi cem por cento, pois ao final do ano letivo o que menos rendeu perdeu de ano – era um tanto quanto disperso e cometia o erro de achar que sala de aula é lugar para brincar – aconselhei a mãe que neste próximo ano letivo tenha maior atenção a este quesito, pois aprendizado na adolescência envolve um enorme esforço familiar, senão o filho/estudante se perde no ocaso das brincadeiras.
Eu sempre achei que o problema de aprendizagem dessa molecada está na deficiência em ler, escrever e interpretar. Meus colegas mais inteligentes, quase sempre, eram muito bons em vencer esses quesitos e em sala de aula são os itens que mais procuro estimular nos meus alunos.
Você aí, pai e mãe preocupados, que todo final de ano ficam desesperados em busca de um professor para tentar salvar um ano inteiro de estudos; esqueça o fim de ano, esqueça as aulas de matemática; provavelmente seu filho não sabe nem ler nem escrever, não sabe ao menos escrever o nome dele em um cabeçalho de uma prova.
O caminho é outro.
Procure-me que eu sabiamente te indico.