Três mães me procuraram ano
passado para que eu desse aulas de reforço, a popular ‘banca’, para seus
filhos. Todas as três queriam que as aulas fossem especificamente de
matemática.
De início, recusei o trabalho
esclarecendo que matemática não era minha área, mas ao mesmo tempo perguntei
como estava a situação de seus filhos na área da linguagem. Fui informado de
que estavam relativamente bem, só derrapando nos benditos cálculos.
Com a anuência delas, fiz uma
pequena verificação para medir o grau de leitura e interpretação dos garotos:
descobri que os três mal sabiam ler e escrever – apesar da serie estavam quase
que naquela fase do aprendizado infantil que Piaget classificou de
pré-silábica.
Disse-lhes então que o problema
deles não era a matemática em si, mas a dificuldade em saber ler, escrever e
interpretar; o que refletia nas outras matérias. Concordamos em deixá-los
estudando um período comigo, focando os conteúdos não na matemática, mas no
analfabetismo latente que os acompanhava.
Comecei a ministrar essas aulas
em agosto e ao longo dos meses letivos fui indagado dos professores desses
garotos como estava o aprendizado deles em sala de aula. Dois dos três, apresentaram uma sensível melhora nas notas,
na capacidade interpretativa e argumentativa e ate mesmo na postura em sala de
aula enquanto alunos.
O resultado não foi cem por
cento, pois ao final do ano letivo o que menos rendeu perdeu de ano – era um
tanto quanto disperso e cometia o erro de achar que sala de aula é lugar para
brincar – aconselhei a mãe que neste próximo ano letivo tenha maior atenção a
este quesito, pois aprendizado na adolescência envolve um enorme esforço
familiar, senão o filho/estudante se perde no ocaso das brincadeiras.
Eu sempre achei que o problema de
aprendizagem dessa molecada está na deficiência em ler, escrever e interpretar.
Meus colegas mais inteligentes, quase sempre, eram muito bons em vencer esses
quesitos e em sala de aula são os itens que mais procuro estimular nos meus
alunos.
Você aí, pai e mãe preocupados,
que todo final de ano ficam desesperados em busca de um professor para tentar
salvar um ano inteiro de estudos; esqueça o fim de ano, esqueça as aulas de matemática;
provavelmente seu filho não sabe nem ler nem escrever, não sabe ao menos
escrever o nome dele em um cabeçalho de uma prova.
O caminho é outro.
Procure-me que
eu sabiamente te indico.