Esqueça o titulo acima; os
pobres, excetuando aí os últimos cem anos, nunca tiveram lá muita participação
no gerenciamento político de suas comunidades.
Na antiguidade, em especial na
Grécia antiga, dizia-se que eles não tinham a presciência para entender a coisa
pública. Já na Idade Média, sua função era, mormente, o trabalho - e que dela
não saíssem. Tal idéia se perpetuou pela idade moderna e só recentemente se
colocou a maioria, ou seja, você, pobretão, como o pináculo da escolha
eleitoral.
Eu navego ao sabor da história e
concordo com ela; boa parte de nós, pobres brasileiros, ainda não estamos muito
bem preparados para votar.
Esta incapacidade se dá
(parafraseando o marxismo) por questões econômicas, pois, o pobre, sempre tende
a votar em quem lhe beneficia – o famoso to-ma-lá-da-cá.
Nesse sentido, quando se vota,
lembra-se sempre daquele que lhe pagou uma conta de água, lhe deu um dinheiro
para comprar um saco de cimento e por ai vai...
Candidato bom, nesses termos,
fica sendo aquele que manobra as massas com promessas vazias, favores e outras
melifluidades.
Em Ibicaraí, o exemplo mais
emblemático dessa relação pôde ser observado na década de 90, quando
determinado candidato foi eleito após encantar os ibicarienses com afagos e pão
recheado com ovo.
O que essa relação de dependência
entre o dar e receber provoca é uma visão viciada dos problemas comunitários;
ela não discute os problemas coletivos e sim o individual e o voto surge como a
moeda de troca dessa interação.
O mais injurioso disso tudo é ver
a sanha dos políticos em manterem tal condição – em geral eles exploram ainda
mais a situação quando, durante a campanha, criam “empregos temporários” - que
se resumem em colocar uma multidão de famélicos para marcharem com suas
bandeiras em troca de dez ou vinte
reais.
Por essas e outras é que você aí
já deve ter percebido o quanto nosso processo eleitoral não passa de um
conjunto de estupidez democrática.
Porém, do lado de cá nos dê um desconto;
afinal, somos pobres.