segunda-feira, 26 de março de 2012

PÃO COM OVO E A HISTÓRICA PARTICIPAÇÃO DOS POBRES NA POLÍTICA


Esqueça o titulo acima; os pobres, excetuando aí os últimos cem anos, nunca tiveram lá muita participação no gerenciamento político de suas comunidades.
Na antiguidade, em especial na Grécia antiga, dizia-se que eles não tinham a presciência para entender a coisa pública. Já na Idade Média, sua função era, mormente, o trabalho - e que dela não saíssem. Tal idéia se perpetuou pela idade moderna e só recentemente se colocou a maioria, ou seja, você, pobretão, como o pináculo da escolha eleitoral.
Eu navego ao sabor da história e concordo com ela; boa parte de nós, pobres brasileiros, ainda não estamos muito bem preparados para votar.
Esta incapacidade se dá (parafraseando o marxismo) por questões econômicas, pois, o pobre, sempre tende a votar em quem lhe beneficia – o famoso to-ma-lá-da-cá.
Nesse sentido, quando se vota, lembra-se sempre daquele que lhe pagou uma conta de água, lhe deu um dinheiro para comprar um saco de cimento e por ai vai...
Candidato bom, nesses termos, fica sendo aquele que manobra as massas com promessas vazias, favores e outras melifluidades.
Em Ibicaraí, o exemplo mais emblemático dessa relação pôde ser observado na década de 90, quando determinado candidato foi eleito após encantar os ibicarienses com afagos e pão recheado com ovo.
O que essa relação de dependência entre o dar e receber provoca é uma visão viciada dos problemas comunitários; ela não discute os problemas coletivos e sim o individual e o voto surge como a moeda de troca dessa interação.
O mais injurioso disso tudo é ver a sanha dos políticos em manterem tal condição – em geral eles exploram ainda mais a situação quando, durante a campanha, criam “empregos temporários”  -  que se resumem em colocar uma multidão de famélicos para marcharem com suas bandeiras  em troca de dez ou vinte reais.
Por essas e outras é que você aí já deve ter percebido o quanto nosso processo eleitoral não passa de um conjunto de estupidez democrática.
 Porém, do lado de cá nos dê um desconto; afinal, somos pobres.