terça-feira, 25 de outubro de 2011

SOMOS ANIMAIS

Dia desses ouvindo o mega clássico Animals da super banda Pink Floyd, comecei a viajar nas letras do encarte, letras baseadas na obra Revolução Dos Bichos de George Orwell. Todas elas escritas por Roger Waters, um dos fundadores da banda. Homem que por várias vezes demonstrou sua capacidade além da média para sensibilizar-se com as pessoas, com o mundo, tudo enfim.
O álbum é conceitual e traça um paralelo com o mundo capitalista dividindo a sociedade em três grandes classes de bichos. Nele somos representados pelos porcos, cachorros e ovelhas, onde os porcos são os indivíduos poderosos da nossa sociedade, aqueles que estão no topo do poder e nos comandam, os políticos de fato sem escrúpulos, sem dignidade, que só pensam em si, amam o poder e fazem de tudo para assim permanecerem. Os cachorros representam os indivíduos muito ricos e em ascensão, aqueles que apesar de já serem ricos, fazem de tudo para se tornarem mais ricos ainda, para além do excesso de dinheiro conquistarem também excesso de poder, na verdade o sonho do cachorro é se tornar um porco. Por último há as ovelhas, ah as ovelhas, animal esse que representa as massas, aquelas pessoas controladas pelos porcos, influenciadas por estes e até pelos cachorros e que por vezes em um ufanismo acredita que tenha liberdade para decidir sobre seja lá o que for: Coitadas das ovelhas.
Roger Waters é inglês e o álbum citado é de 1977, mas, é incrível como tudo é atual, até mesmo atemporal e como também se relaciona fidedignamente com vários lugares do mundo e até lugares ermos como Ibicaraí.
Igor Matheus Assis Santiago é graduado em Administração pela Universidade Estadual de Santa Cruz.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

O CARTÃO DE DÃO E O MENINO BARRADO NA PORTA DA PADARIA

Todo ibicaraiense conhece Dão, empresário local, dono de algumas lanchonetes aqui da cidade. Reza a lenda que tempos atrás um cartão de credito seu sumiu e nesse ínterim ele foi notificado pela operadora de que um volume muito grande de compras estava sendo feita com o dito cartão – e foi só ai que Dão se deu conta de que estavam lhe aplicando um golpe.
Ao procurar a policia qual foi sua surpresa ao descobrir quem era os larápios: um grupo de garotas classe média da cidade.
O  acontecido entrou para o folclore local e a expressão “cartão de Dão” virou sinônimo de milagre; precisa de dinheiro e não tem como conseguir? use o cartão de Dão.
Não fossem quem fossem os referidos golpistas o ocorrido com o bendito cartão não teria gerado tanta repercussão. Mais ainda: devido às suas condicões social, as meliantes não foram presas; ao que parece não houve, sequer, uma queixa formal.
Inversamente a isso, outro dia,  estava eu fazendo compras em uma padaria aqui da cidade e lá estava também um moleque, parado em frente, pedindo freneticamente esmolas aos clientes que adentravam o estabelecimento. Como ele estava quase entrando nas dependencias do local um segurança barrou sua passagem, enfatizando que ele não entrasse ali e parasse de perturbar a clientela.
Aproveitei e fiz uma rápida entrevista com o garoto: o infeliz tem 14 anos, está na segunda série e disse morar em um bairro periférico da cidade.
Fico me perguntando que oportunidades na vida terá uma criatura dessas: pouco estudo, família pobre e com dificuldades até para mendigar. Pior; sem possuir ao menos um cartão de Dão que ( da mesma forma que funcionou com as larápias ricas da cidade) lhe dê acesso livre a pelo menos um mísero pedaço de pão.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

EU NUNCA ESTUDEI NA ACADEMIA DE EDUCAÇÃO MONTENEGRO


Quando criança meu maior sonho era estudar na “Academia da professora Waldyr”. Acredito que o principal motivo desse desejo era a fama de disciplina rígida da qual o colégio gozava. Por mais antagônico que seja todo aluno gosta de estudar em uma escola que tenha tal fama.
Eu estudava no Centro Educacional Cenecista de Ibicaraí, “O Centro” - por sinal, também um bom colégio. Ainda assim, eu desejava estar na Montenegro.
É que lá havia a lendária professora Waldyr Montenegro. Falavam de tudo dela: que fiscalizava pessoalmente os alunos na chegada, barrando aqueles que não estivessem utilizando o uniforme corretamente, que não tinha papas na língua quando precisava disciplinar alguém e que impunha severas punições àqueles que não se enquadrassem nas normas da escola.
Obviamente tais medidas eram fáceis de serem aplicadas há vinte ou trinta anos atrás. Havia uma áurea de respeito maior entre as pessoas - principalmente dos mais novos para os mais velhos, que viam nesses últimos uma extensão de seus próprios pais.
Hoje não, tudo mudou. O respeito e o culto aos de mais idade acabaram e nos resta observar aturdidos a forma como tratam os adultos àqueles que a lei chama singelamente de crianças.
Eu nunca vi pessoalmente a professora Waldyr, nunca conversei com ela ou recebi alguma repreensão sua. Nunca soube que vertente pedagógica mais lhe agradava ou o que pensava dos rumos que a educação vem traçando hoje. Sei, porém, da importância dela enquanto transmissora de valores rígidos e elevados que, se fossem aplicados, tornariam a nós, ibicaraienses, indivíduos bem melhores.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O TAYLORISMO NA FÁBRICA CARTOON PACK DE IBICARAÍ TORNA O TRABALHO MUITO DURO

Neste texto é trazido à tona alguns aspectos da fábrica Cartoon Pack, de Ibicaraí
Você não sabe, mas eu explico: Taylorismo é uma espécie de teoria voltada para o campo da administração que objetivava a criação de mecanismos que agilizassem a eficiência do processo da produção industrial. No taylorismo se prega a ascensão do mecanicismo e o operário é visto como um mero componente de uma engrenagem da máquina – tudo muito frio assim.
O parágrafo acima não explica muito sobre a teoria taylorista, mas esse resumo nos serve para entender o que talvez se passe na cabeça dos diretores da Cartoon Pack, fabrica de embalagens de papel localizada lá no Bairro Duque de Caxias.
A instalação da fábrica Cartoon Pack em Ibicaraí, lá pelos idos de 2008, assumiu ares de salvação messiânica para o ibicaraiense. Nada mais natural; com a saída da Coca – Cola, em meados da década de noventa, o nível de desemprego na cidade aumentara e a população passou a clamar cada vez mais para que os governantes se mobilizassem para trazer uma nova indústria para o município.
E nossos governantes se mobilizaram. Os discursos nos comícios e as promessas de campanha eleitoral batiam sempre na mesma tecla: “precisamos de uma fabrica!”
Por fim, a fábrica chegou e com ela a promessa de dias melhores. De inicio, vá lá, a Cartoon Pack cumpria o seu papel e pelo menos uma centena de desempregados da cidade receberam treinamento adequado e se tornaram mão de obra assalariada com um pouco de dignidade no bolso.
Mas a Cartoon Pack tinha - e ainda tem - um lado desconhecido.
A política velada da empresa (que segundo confidenciam alguns, agoniza hoje com cerca de trinta funcionários apenas) é não interagir com os nativos – visitas de qualquer estranho (no caso, um cidadão local) a fabrica, são rigorosamente proibidas. 
Alguns operários que lá trabalharam informaram que é terminantemente proibida uma pausa, mesmo que de alguns minutinhos, para fazer um lanche ou tomar um cafezinho – segundo afirmaram meus informantes, certa vez (pasmem) houve uma reunião com todos os funcionários só para descobrir quem bebia de um café que era trazido clandestinamente para dentro da empresa.
O salario é pago religiosamente em dia, porém, o trabalhador lá é visto de forma equidistante; alguém que não precisa ser agradado.
 Se o Taylorismo foi criado pelos americanos, os Gaúchos que administram a Cartoon Pack ibicaraiense são seus maiores discípulos.

Com a palavra, os diretores da Cartoon Pack, com quem ainda não consegui falar, mas que tem espaço livre aqui no blog para apresentarem sua versão.


Dia da inauguração da fábrica, que contou com a
 participação e expectativa de muitos ibicaraienses.


Visão interna da Fábrica em 2008
credito das  fotos: André (Puba) - Blog tribuna de Ibicaraí