quarta-feira, 25 de julho de 2012

TODO MUNDO VENDE O VOTO, PORÉM, SÓ O SEU É O MAIS BARATO


Sérgio Gama

Em toda eleição o discurso é o mesmo: não venda seu voto, eleitor.
Algumas campanhas até exemplificam, através de cálculo, que vender o
voto por cinquenta reais, por exemplo, é uma mixaria, pois quando você divide esse valor por quatro anos, que é o tempo de duração do mandato do corruptor, da menos de cinco centavos por dia – de fato, é uma mixaria mesmo!

Os que se voltam contra essa prática alegam ainda que o eleitor
praticante desse ato fica moralmente impossibilitado de protestar
contra as ações políticas daquele que comprou seu voto. Voto vendido,
sob essa ótica, é voto sem consciência ideológica, de cidadão alienado
que não quer o bem da sociedade e que, por dinheiro, ajudará qualquer
maroto a chegar ao poder.

Balela pura...

Em primeiro lugar, a democracia, por si só, é o mecanismo que leva
toda sorte de personalidade à chefia da gestão pública – e voto
“consciente” nenhum vai impedir isso.

Em segundo lugar, é preciso que você, eleitor, tenha a consciência de
que perderá o controle sobre o seu candidato no exato momento em que
ele se eleger. A partir daí, quaisquer ações que ele tome não serão
julgadas por você – nem poderá interferir nelas. O máximo que a lei
lhe permitirá é xingá-lo (moderadamente), inventar boatos, desmerecer
os atos dele e por ai vai...

Não é por acaso que nos escândalos de corrupção que vicejam Brasil
afora o político julgado quase sempre se mantém incólume até o final
de seu mandato e se alguma faceta da lei o alcança não foi porque você
a acionou.

Em quarto lugar, a prática de venda de voto é comum entre os
políticos. Partido nenhum se aventura a lançar um candidato sem que
antes tenha feito um acordo com diversos outros partidos - a
famigerada coligação – que é nada mais nada menos do que a reunião
inicial que trata do que cada legenda partidária ganhará caso o
candidato apoiado por eles seja o vencedor do pleito eleitoral – e
creia; ideologia e lisura será o que menos importará nessa reunião.

 A venda do espólio público nessas coligações varia muito. Na esfera
Federal talvez envolva entregar um ou outro ministério a determinado
partido – sempre aquele, claro, que consegue agregar mais votos. Já na
esfera municipal, modestos como são os municípios, a venda/compra não
passa da chefia de uma secretaria, emprego para um parente e coisas do
gênero.

Na esteira dessa prática sobrou você e somente você, humilde e por
vezes necessitado cidadão, que a lei acusará de venal, desonesto e
mandará prender, caso também queira participar da farra e vender o seu
voto - hilariamente apelidado por muitos de “consciência”.

2 comentários:

clelia disse...

Então, nobre colega QUEM DÁ MAIS pelo "seu" voto?
Acredito que devemos votar no candidato que aparentemente seja o melhor para administrar sua cidade. Porém o mais importante não fazemos: fiscalizar, denunciar.....os erros , as falhas durante os quatro anos.

A ágora ibicaraiense disse...

Isto deveria ser função da Câmara de Vereadores, mas...